CONVERSANDO SOBRE ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES
Dr(a), explique o que é Arterite de Células Gigantes? Quem pode ter esta vasculite?
A Arterite de Células Gigantes, também conhecida como Arterite Temporal, é uma vasculite que acomete preferencialmente as artérias temporais, mas não exclusivamente, pois outras artérias de grande e médio calibre podem ser comprometidas, como a aorta e seus ramos principais.
A causa da Arterite de Células Gigantes ainda não é conhecida, porém, assim como em outras doenças reumáticas autoimunes, acredita-se que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos. Postula-se que algum agente infeccioso (bactéria ou vírus) desencadeie alterações no sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos. As alterações imunológicas observadas produzem inflamação direcionada a parede das artérias, daí o nome arterite.
A Arterite de Células Gigantes é mais comum em mulheres, sendo a frequência de 2,5 mulheres para cada homem com esta vasculite. Habitualmente, ela acomete indivíduos acima de 70 anos, sendo rara antes dos 50 anos.
Dr(a), quais são os sintomas da Arterite de Células Gigantes?
A manifestação clínica mais frequente e característica da Arterite de Células Gigantes é a dor de cabeça na região das têmporas (lateral da cabeça, acima das orelhas), bem onde passam as artérias temporais, que podem se tornar dolorosas ao toque. Algumas vezes, pode haver também queixa de dor na nuca ou em outros locais da cabeça, na mandíbula ao mastigar e falar, e, até, na língua e nos dentes.
Perda transitória da visão e visão dupla são sinais de alerta para um quadro clínico mais grave, quando o suprimento de oxigênio e nutrientes para o nervo óptico fica comprometido pela arterite. Quando o acometimento do nervo óptico é crítico, ocorre perda súbita e indolor da visão- este quadro é uma urgência médica, devendo o paciente ser conduzido a um pronto-socorro para uma avaliação detalhada e início de tratamento imediato.
Outras manifestações comuns na Arterite de Células Gigantes são fadiga, dores pelo corpo, febre e perda de peso, porém estes são sintomas inespecíficos, os quais estão presentes também em várias outras doenças.
Dr(a), quais exames devem ser solicitados para o diagnóstico da Arterite de Células Gigantes?
Na investigação de um quadro suspeito de Arterite de Células Gigantes, os exames de hemograma, velocidade de hemossedimentação, proteína C reativa podem ou não estar alterados.
Exames de imagem, como a angiotomografia, a angioressonância e o SPECT são úteis na avaliação do comprometimento vascular, sugerindo alterações relacionadas a inflamação da parede vascular.
No entanto, a biopsia da artéria temporal é o melhor exame para se confirmar o diagnóstico de Arterite de Células Gigantes. Um pequeno pedaço da artéria temporal, em torno de 3 cm, é retirado cirurgicamente e encaminhado para uma análise minuciosa por um médico patologista clínico, para saber se há inflamação na parede da artéria característica deste tipo de vasculite.
Portanto, para o diagnóstico de Arterite de Células Gigantes é necessário estar atento aos sinais e sintomas relatados pelo paciente, realizar exame clínico completo para aplicar um bom raciocínio clínico para direcionar a investigação com exames da melhor maneira possível, evitando-se realizar exames desnecessários.
Como é o tratamento da Arterite de Células Gigantes? Fale um pouco sobre isso, Dr(a)?
O tratamento da Arterite de Células Gigantes deve ser iniciado tão logo quanto se suspeite e/ ou confirme o diagnóstico, em especial quando há acometimento da visão.
O corticóide é uma medicação que tem o potencial de controlar a inflamação em curto prazo, sendo iniciado em altas doses, mas é possível a sua redução e interrupção do uso conforme o controle da atividade inflamatória da doença ocorra.
Como o controle da inflamação, na maioria das vezes se dá em médio a longo prazo, outras medicações imunosspuressoras, como o metotrexato, a azatioprina ou ciclosporina são úteis, tanto para auxiliar no controle da inflamação quanto para reduzir a dose de corticóide necessária para controlar a doença. Para casos mais graves, sem controle com estas medicações, a terapia imunobiológica com inibidores do TNF-α (por exemplo: infliximabe), rituximabe ou tocilizumabe podem ser úteis.
É importante lembrar a importância do controle de outras doenças como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (aumento do colesterol e triglicérides) e obesidade durante o tratamento da Arterite de Células Gigantes, pois quanto melhor for o controle destas, melhor tende a ser o controle da vasculite.