CONVERSANDO SOBRE POLIANGEÍTE MICROSCÓPICA
Dr(a), comente um pouco sobre a Poliangeíte Microscópica.
A Poliangeíte Microscópica é uma vasculite bastante rara (1:100.000 habitantes), um pouco mais frequente em homens que mulheres (2:1), de início de sintomas, em geral, próximo aos 50 anos, mas já descrita em outras faixas etárias.
O acometimento vascular na Poliangeíte Microscópica tem preferência por vasos de pequeno calibre, mas aqueles de médio calibre também podem ser acometidos, por isso é possível um quadro clínico bastante variável.
As manifestações clínicas iniciais são bastante inespecíficas, como perda de apetite, emagrecimento, febre, dores articulares e musculares. Podem ser observadas manchas na pele (púrpura, livedo reticular), fenômeno de Raynaud, isquemia/ necrose de pontas de dedos e comprometimento de nervos periféricos levando a mononeurite múltipla.
Opa! Até parece que estou falando da Poliarterite Nodosa Clásssica... Então, parece mesmo, mas diferente dela, na Poliangeíte Microscópica, o acometimento de rins e pulmões é frequente.
O comprometimento pulmonar pode causar falta de ar, tosse e escarro com sangue- algumas vezes, o quadro pulmonar pode ser bem grave e levar a insuficiência respiratória.
Quando os rins são comprometidos, ocorre uma glomerulonefrite que se caracteriza pela perda de sangue e proteína na urina, podendo evoluir com prejuízos na função renal.
Dr(a), como é feito o diagnóstico e tratamento da Poliangeíte Microscópica?
Na investigação da Poliangeíte Microscópica, os exames de sangue podem revelar anemia, elevação das provas de inflamação (VHS e PCR), presença de sangue e proteína nos exames de urina e alterações de função renal (aumento de uréia e creatinina).
Um resultado de ANCA positivo (exame de sangue que detecta a presença de anticorpos contra componentes das células de defesa, neutrófilos e monócitos) na presença de um quadro clínico suspeito de vasculite, fortalece esta hipótese, mas, nem sempre é suficiente para fechar o diagnóstico.
Exames de imagem do tórax (raio-x e tomografia) são importantes para a avaliação do comprometimento pulmonar, o qual pode ser complementado com a prova de função pulmonar e a broncoscopia com lavado broncoalveolar (este exame parece com a endoscopia, permite a visualização das vias aéreas por dentro e coleta de secreção do pulmão).
No entanto, a confirmação do diagnóstico de Poliangeíte Microscópica depende da identificação de achados de alterações vasculares típicos da doença em exames de biopsia de rim e/ ou pulmão.
E como é feito o tratamento?
O tratamento da Poliangeíte Microscópica inclui a utilização de corticóide e imunossupressores, como a ciclofosfamida e azatioprina. Na vigência de comprometimento pulmonar mais grave (hemorragia alveolar) e/ ou perda de função renal, a instituição de tratamento imediato com pulsoterapia de corticóide e ciclofosfamida é fundamental para o melhor controle da vasculite e redução de suas complicações.